Em 2017, o Brasil prosseguiu mergulhado em grave crise econômica e política, o que tem afetado severamente a indústria jornalística, agravando os fatores que globalmente atingem o setor em decorrência da expansão vertiginosa das plataformas tecnológicas.
Nesse contexto, as expectativas de que a recessão econômica ocorrida nos anos de 2015 e 2016 fosse revertida de forma vigorosa foram frustradas.
Desde o início do século, a economia brasileira tem se comportado de forma ciclotímica, alternando anos de expansão e de retração, de tal forma que em 17 anos, cinco registraram diminuição do Produto Interno Bruto, sendo as mais graves precisamente ao ocorridas nos anos de 2015 e 2016, conforme gráfico a seguir.
Fonte: IBGE: clique aqui
O desempenho negativo da economia e as incertezas políticas afetaram a indústria jornalística nacional em suas duas principais fontes de receitas: de circulação e publicitária, em particular esta última. Em consequência, diversos jornais deixaram de circular definitivamente, reduziram o número de edições, alteraram o formato (em geral de standard para berliner) diminuíram a média de páginas por edição e se viram obrigados a promover severos ajustes em suas estruturas de custo.
Em consequência da diminuição da circulação e do volume de publicidade impressa, o consumo aparente de papel de imprensa (vendas de produção nacional + importações) caiu de 220 mil toneladas, em 2016, para 174 mil toneladas, em 2017, conforme a publicação Cenários Ibá, da Indústria Brasileira de Árvores.
A crise econômica, que também se traduziu em aumento do desemprego e redução da massa salarial, se refletiu com especial intensidade na venda avulsa de jornais. Em consequência, a relação entre venda avulsa e assinaturas, historicamente próximas, evoluiu conforme o quadro a seguir:
2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | |
VENDA AVULSA | 48,70 | 46,10 | 40,90 | 37,40 | 34,90 |
ASSINATURAS | 51,30 | 53,90 | 59,10 | 62,60 | 65,10 |
De acordo com a pesquisa mais recente e abrangente sobre mídia impressa e sites jornalísticos no Brasil, realizada pelo Instituto para o Desenvolvimento de Jornalismo (Projor) e pelo Observatório da Imprensa, em parceria com a agência Volt Data Lab, publicado em 07 de novembro de 2017, naquela ocasião existiam no país 5.354 veículos de imprensa (impressos e digitais) em 1.125 cidades, nas quais vivem aproximadamente 130 milhões de pessoas).
Em termos de circulação das edições impressas, a queda ocorrida a partir de 2014 foi acentuada, como se constata na tabela abaixo, com uma redução de 8,5 milhões de exemplares diários para 5,7 milhões, o que significa uma retração de 33,2% entre 2013 e 2017 e de 21,% apenas nos dois últimos anos da série
2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2017/2013 | 2017/2016 |
8.478,00 | 7.633,00 | 7.170,00 | 5.667,00 | -33,2 | -21,0 |
Embora no Brasil tenha se reproduzido o fenômeno mundial de crescimento da audiência paga das edições digitais, especialmente depois que muitos jornais adotaram o sistema de paywall, seguindo recomendação da ANJ, a crise econômica não poupou esse segmento da indústria. Em consequência, o número de edições online de jornais caiu 19,7% entre 2013 e 2017, diminuição que foi especialmente acentuada entre 2015 e 2016, conforme tabela a seguir:
2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | |
Número de ediçoes online | 127 | 123 | 117 | 102 | 102 |
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Ao contrário do que ocorreu em relatórios anteriores, quando o montante e o share da publicidade nas várias mídias brasileiras foram divulgados periodicamente conforme os levantamentos do Projeto Inter-Meios, neste informe essas informações não estão disponíveis porque, desde agosto de 2015 os dados do referido Projeto deixaram de ser publicados e ainda não há fonte reconhecida pela ANJ para a informação apuração dos mesmos. As estimativas disponíveis, entretanto, indicam que vem se mantendo a tendência de queda do share dos jornais entre os veículos de mídia e de acelerado crescimento da publicidade e em plataformas digitais.