O GLOBO – 25/10/2018
O jornal “Folha de S.Paulo” pediu para a Polícia Federal (PF) investigar ameaças recebidas por uma repórter e um diretor da empresa após a publicação de uma reportagem que acusa empresários de pagarem até R$ 12 milhões pelo envio em massa de mensagens contra o PT pelo WhatsApp. A solicitação foi feita na terça-feira em representação encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo a “Folha”, a autora da reportagem, a jornalista Patrícia Campos Mello, teve seu telefone celular invadido por hackers. Parte das mensagens enviadas e recebidas pela repórter foram apagadas e, de seu aparelho, foram enviadas mensagens a favor de Bolsonaro para contatos gravados na agenda telefônica da profissional.
Além disso, Patrícia recebeu duas ameaças por telefone e foi alvo de outras ameaças e ofensas em grupos de apoio ao presidenciável do PSL nas redes sociais. Uma das mensagens, por exemplo, convocava eleitores de Bolsonaro a confrontarem Patrícia em evento do qual participaria na próxima semana.
O diretor-executivo do Datafolha, Mauro Paulino, também foi alvo de ameaças, tanto na internet quanto em sua casa, de acordo com a “Folha”. Publicada há uma semana, a reportagem informava que o envio de mensagens em massa infringe a lei eleitoral porque usa bases de eleitores que não se cadastraram voluntariamente, o que é proibido. Ainda segundo o texto, as empresas que contrataram o serviço que beneficia a campanha de Bolsonaro não declararam a doação de campanha ao TSE.
Bolsonaro nega que tenha pedido para esses empresários contribuírem para sua campanha e diz que a reportagem é “mentirosa”. A publicação da reportagem fez com que Patrícia fosse alvo de fake news compartilhadas nas redes sociais. Uma das mensagens falsas dizia que a jornalista era uma mulher que aparecia abraçada ao candidato do PT, Fernando Haddad, em uma foto.