O GLOBO – 25/10/2018
Falando pela primeira vez sobre o assassinato do jornalista dissidente Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, M oh a mm edb in Sal man, afirmou que os responsáveis pelo crime “repulsivo” serão levados à Justiça. Numa conferência sobre investimentos na capital do reino, Bin Salman afirmou que seu país e o governo turco trabalharão juntos para “alcançar resultados” numa investigação conjunta sobre a morte de Khashoggi.
— O incidente é muito doloroso e repulsivo para todos os sauditas. Não é justificável, e a justiça irá prevalecer no final — disse o príncipe, descrevendo a cooperação entre Riad e Ancara como “especial”.
A Turquia, porém, acusa altos escalões do governo saudita de terem enviado uma equipe com 15 homens para assassinar Khashoggi, umcríticodo príncipe herdeiro que se autoexilou nos EUA em 2017 com medo de represálias. Inicialmente, Riad alegou que Khashoggi tinha saído do consulado logo após entrar.
Sob intensa pressão internacional e diante de evidências de que o jornalista jamais saiu do prédio e das acusações da Turquia — que liberou imagens de agentes próximos a Bin Salman em Istambul no dia do assassina to—e o governo saudita mudou aversão no fim da semana passada.
Agora Riad admite o crime, mas afirma que foi resultado de uma briga numa operação que deu errado, levada a cabo por agentes fora de controle, sem conhecimento da cúpula que comanda o país. Cinco altos funcionários foram demitidos, e 18 pessoas foram presas. Críticos e analistas, no entanto, afirmam que uma operação desse tipo jamais seria feita sem o conhecimento de Bin Salman.
Horas antes, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse ao “Wall Street Journal” que o príncipe herdeiro tem a responsabilidade final sobre a o esclarecimento da operação quelevouàmortedeKhashoggi em 2 de outubro.