O ESTADO DE S.PAULO – 27/10/2018
São enganosas as publicações nas redes sociais que apresentam um defeito no teclado de uma urna eletrônica em São Paulo como prova de fraude no primeiro turno das eleições. O problema mecânico nos botões foi identificado uma hora e quarenta e dois minutos após o início das votações, e o equipamento foi prontamente substituído.
Um dos principais posts sugerem que os problemas foram identificados em mais de uma urna e que a falha era restrita a um único número, o 7. Na verdade, o vídeo foi feito durante uma auditoria pública em quatro equipamentos realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) em 20 de outubro. E o defeito não era restrito a uma única tecla. O resultado da análise técnica da Justiça Eleitoral aponta que “foram observados defeitos aleatórios em teclas diversas durante a digitação após sucessivas repetições do autoteste”. Ou seja, a falha não afetava o mesmo botão.
A urna com defeito no teclado estava localizada na seção 227 da 404.ª zona eleitoral, localizada no bairro de Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista. Depois de identificado o problema, foi substituída por outra, às 9h42. Quando há necessidade de substituição de equipamentos, os votos já registrados são transferidos de uma urna para a outra, por meio de procedimentos claros.
Nos vídeos – ao todo são seis, de cerca de 1 minuto cada – que estão sendo compartilhados acompanhados por textos que sugerem uma suposta fraude, os técnicos apresentam essas explicações a um dos presentes, que critica a falha apresentada lança dúvidas sobre se os eleitores que usaram o equipamento conseguiram votar em quem realmente queriam.
Outras três urnas foram submetidas à auditoria pelo TRE-SP e nelas não foram encontradas irregularidades. Participaram do evento, aberto ao público e registrado em vídeo, autoridades da Justiça eleitoral, fiscais de partidos políticos e, ainda, um observador da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O TSE também afirmou que o defeito mecânico do teclado não representa nem alterou o resultado das eleições. Em nota de esclarecimento, disse que foi “adotado o procedimento correto de substituição do equipamento defeituoso por uma urna de contingência, sem que esse defeito pudesse influenciar no resultado do pleito eleitoral”.
As gravações sobre a urna que supostamente “autocompletava votos em favor de” Fernando Haddad (PT) – o equipamento com o defeito reconhecido pelo TRE-SP – também são enganosas. O Comprova havia pedido para um perito analisar os vídeos e a conclusão, publicada pelo UOL, foi de que eles não eram capazes de revelar fraude.
O post enganoso foi publicado no “Grupo Olavo de Carvalho”. Até o final da noite de quinta-feira, dia 25, havia sido compartilhado mais de 206 mil vezes.