O ESTADO DE S.PAULO – 28/10/2018

HELIO GUROVITZ
Farto das brigas que conflagraram famílias e grupos de amigos na campanha presidencial brasileira? Pois nossa situação nem se compara à dos Estados Unidos, onde a fratura da sociedade transforma qualquer ação política, até mesmo a indicação de juízes para tribunais, num embate partidário entre democratas e republicanos.

Um novo estudo do More in Common (Mais em comum), grupo ativista que combate a polarização, trouxe esperanças a quem está no centro do espectro político. Os pesquisadores submeteram 8 mil americanos a 58 questões para avaliar sua posição ideológica. Concluíram que a sociedade americana está dividida não em dois polos, mas em sete grupos, que formam uma gradação entre esquerda e direita convencionais.

Os dois extremos radicais correspondem a apenas 14% da população. Cerca de 56% ou não tem posição política, ou mistura crenças dos dois lados. Para 77%, as diferenças na sociedade não são tão grandes. “A dinâmica das redes sociais intensifica a partidarização e o tribalismo”, diz o estudo. “Reforça pensamentos e comportamentos similares nas alas engajadas e desencoraja as demais.” A divisão proposta no estudo tem muito de arbitrária e não responde por que a posição política se tornou central para definir a própria identidade dos cidadãos. Mesmo assim, ele acerta ao apontar para a verdadeira maioria silenciosa que, lá como aqui, hoje busca encontrar sua voz.