O ESTADO DE S.PAULO – 28/10/2018
Robert Bowers mantinha perfil com conteúdo agressivo em rede social usada pela ‘alt-right’ nos Estados Unidos
Robert Bowers, o homem preso ontem após o ataque a tiros a uma sinagoga na Pensilvânia, costumava usar a internet para fazer comentários antissemitas cheios de insultos e teorias da conspiração.
Duas horas antes da ação na sinagoga Árvore da Vida, Bowers escreveu no site Gab.com sobre Sociedade de Ajuda ao Imigrante Judeu (HIAS, em inglês), uma organização de refugiados judeus.
“HIAS gosta de trazer invasores para matar nosso povo. Não posso ficar sentado e ver meu povo ser massacrado. Dane-se, estou indo”, ameaçou o suspeito, de 46 anos.
Em comunicado, o Gab.com – rede social popular entre os adeptos da “alt-right”, abreviação de “direita alternativa”, que tenta dar nova roupagem a movimentos racistas e antissemitas –, informou que assim que foi alertado sobre o perfil de Bowers, tomou ações rápidas e proativas e entrou em contato com os serviços de segurança.
O suspeito tem uma licença ativa para a posse de armas de fogo e fez pelo menos seis compras de forma legal desde 1996, disse à CNN uma fonte de segurança que participa da investigação. Ele não tinha antecedentes criminais e não era monitorado pela polícia.
A análise das mensagens de Bower no Gab indica que ele era um homem furioso. Cerca de um mês atrás, publicou fotos mostrando o que parecia ser o resultado de sua prática de tiro,
“O Gab inequivocamente repudia e condena todos os atos de terrorismo e violência”
COMUNICADO DA REDE SOCIAL ALTERNATIVA AO TWITTER QUE SE POPULARIZOU ENTRE ANTISSEMITAS
e uma coleção de três revólveres que ele chamou de sua “família Glock”, em referência às pistolas desta marca austríaca.
O suspeito, que é um eleitor registrado “sem afiliação política” no Condado Allegheny, na Pensilvânia, também fez comentários sobre a política americana e criticou o presidente americano, Donald Trump, por ser um “globalista” que “não fez nada para impedir a ‘infestação’ de judeus nos EUA”.
“Que fique registrado, eu não votei nele, nunca tive, usei ou sequer toquei em um boné com o slogan MAGA”, escreveu Bower, em referência ao acrônimo de “Make America Great Again”, slogan usado por Trump na campanha eleitoral de 2016.