O GLOBO – 28/10/2018

Os suspeitos do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi —morto dentro do consulado de seu país em Istambul no dia 2 de outubro — serão julgados na Arábia Saudita, declarou ontem o ministro das Relações Exteriores saudita em resposta ao pedido de extradição feito pelo governo turco. — Sobre a questão da extradição, esses indivíduos são cidadãos sauditas. Eles estão presos na Arábia Saudita, eles serão investigados e julgados aqui — declarou Adel al Jubeir, durante conferência sobre segurança em Manama.

A procuradoria de Istambul emitiu na sexta-feira uma demanda de extradição contra 18 sauditas detidos no país e suspeitos de estarem envolvidos no “assassinato premeditado”. Segundo autoridades turcas, o jornalista foi vítima de um crime cuidadosamente premeditado e realizado por uma equipe de agentes vinda de Riad no mesmo dia em que Khashoggi foi morto. Após o desaparecimento, a Arábia Saudita negou a morte do jornalista crítico ao governo comandado pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, ocorrida depois que ele entrou no prédio para tratar de documentos a respeito de um divórcio. Na ocasião, autoridades sauditas afirmaram que Khashoggi tinha saído do consulado pouco tempo depois de entrar. Após grande pressão internacional, o governo saudita afirmou que o jornalista tinha sido assassinado durante uma operação “não autorizada”, sobre a qual bin Salman não tinha nenhum conhecimento. Na sexta-feira, o procurador-geral da Arábia Saudita mencionou pela primeira vez, segundo informações proporcionadas pela Turquia, a ideia de que o assassinato pode ter sido “premeditado”. Falando sobre o caso ontem, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, afirmou que o assassinato estremeceu a estabilidade no Oriente Médio e que Washington tomaria medidas contra os responsáveis.