O ESTADO DE S.PAULO
A Comissão Federal do Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) está perto de decidir se vai entrar com um processo antitruste contra o Facebook por seu poder de mercado nas redes sociais, segundo duas fontes familiarizadas com as negociações.
Os membros da FTC se reuniram na quinta-feira para discutir a investigação sobre o Facebook. O objetivo é avaliar se a empresa comprou rivais menores para manter seu monopólio, disseram as fontes. Segundo elas, três documentos sobre o Facebook foram preparados pelo órgão e distribuídos entre seus líderes: um aborda as possíveis violações anticompetitivas da empresa, outro analisa sua economia e um terceiro avalia os riscos de litígio.
Nenhuma decisão sobre o caso foi tomada ainda, disseram as fontes. Os comissários devem votar antes que qualquer caso seja levado adiante. O Facebook e a FTC se recusaram a comentar o tema.
Caso seja confirmado, o processo mostra uma intensificação das ações do governo americano contra as gigantes de tecnologia.
Na última terça-feira, o Departamento de Justiça abriu processo contra o Google, acusando a gigante de buscas de ter uma posição monopolista. Trata-se da primeira ação do governo contra uma empresa de tecnologia em duas décadas. Duas semanas atrás, o Comitê Judiciário do Congresso dos EUA recomendou medidas para reduzir o poder de grandes plataformas de tecnologia, como Facebook, Amazon, Apple e Google.
As ações refletem a crescente frustração com as empresas, que somam cerca de US$ 5 trilhões em valor de mercado e transformaram o comércio, o discurso, a mídia e a publicidade em todo o mundo.
A investigação comandada pela FTC foi de longo alcance. O órgão coletou milhares de documentos internos de executivos do Facebook e também entrevistou pessoas de rivais da empresa, como o Snapchat, para entender se a companhia abusa de seu poder no mercado de redes sociais.
Com quase 3 bilhões de usuários e valor de mercado que beira US$ 800 bilhões, o Facebook é um gigante das redes – e cresceu à base de aquisições como a do Whatsapp e do Instagram.
Aprovadas em suas épocas pela FTC, as duas negociações estão sendo investigadas para entender se violam a lei antitruste americana, que diz que uma empresa não pode comprar outra que vê como “ameaça competitiva”.