O jornal O Estado de S.Paulo estreou em outubro uma nova versão impressa, cujo principal destaque é a adoção de um moderno design gráfico, no formato germânico (ou berliner), que facilita a leitura. Mas as mudanças no diário, que traz ainda novos conteúdos e seções, são mais profundas e resultam de estudos, pesquisas com leitores, assinantes e anunciantes, e têm a ajuda de consultorias externas.

Segundo Fabio Sales, editor executivo Multimídia do jornal, agora a redação tem o desafio de produzir conteúdo mais aprofundado, analítico, didático e oferecer mais contexto ao leitor. “Novas seções e áreas de cobertura foram incorporadas ao cardápio de notícias do jornal. E isto tudo tem impacto em nossas reuniões diárias e nosso planejamento. Como também tem impacto no digital, já que somos uma redação multiplataforma”, diz Sales em entrevista à ANJ. “Planejamento é a palavra mais importante na nossa rotina atualmente”.

Leia abaixo a entrevista na íntegra.

Quando começou a transição que resultou na mudança de formato do impresso do Estadão?
Iniciamos as primeiras conversas em novembro de 2020, no meio de uma pandemia e com todos os envolvidos em esquema de home office. Ouvimos leitores em entrevistas virtuais, nossas reuniões foram todas à distância, e tivemos a participação de escritórios no desenvolvimento do projeto de quatro países diferentes.

Quais são as outras mudanças dentro do projeto e o que vem de novidade mais à frente?
A transformação renova a oferta de conteúdos, reorganiza o produto para se encaixar melhor na rotina do leitor, e como consequência destas iniciativas muda seu desenho e formato. Desde o início do projeto a ideia foi pensar em formas para tornar o produto mais eficiente e criar oportunidades para aumentar a audiência com a renovação do seu cardápio de notícias.

A pandemia atrapalhou o processo de mudança?
Foi um grande desafio. Tudo foi virtual. Precisei aprender a usar ferramentas digitais de gestão de projetos, fiz centenas de reuniões virtuais. Buscamos estudos de casos no exterior, conversamos com líderes em outros mercados e importamos jornais. Tudo isso no meio de uma pandemia. Com a consultoria do redesenho, fiz reuniões de alinhamento diárias de uma hora desde 1.º de abril, quando eles entraram no projeto. O processo também envolveu uma forte resiliência, com interações aqui no Brasil, em Barcelona, Buenos Aires e no Chile.

Como fazer estas mudanças em um jornal centenário, muito consolidado entre seus leitores?
A gente ouviu muito a opinião dos leitores. Ele foi nosso norte. Realizamos cinco pesquisas antes do lançamento e medimos as preferências deles. E agora, depois do produto lançado, faremos outras pesquisas para poder medir, e se for o caso ajustar, a configuração do novo produto.

O processo de mudança envolveu quais áreas do jornal?
Três áreas da empresa tiveram um grande engajamento neste processo: a área de conteúdo jornalístico, a área de estratégias digitais e mercado leitor (que tem maior quantidade de dados sobre os leitores e seus hábitos) e a área de publicidade. Tivemos apoio externo também. Uma consultoria estratégica coordenou o trabalho dessas três áreas da empresa. E contratamos uma consultoria espanhola, especializada em mudanças de produtos gráficos, com experiência em vários jornais, para realizar o redesenho editorial e gráfico.

Quais são os novos processos na redação após a mudança do impresso e as novidades do digital?
A redação tem o desafio de produzir conteúdo mais aprofundado, analítico, didático e oferecer mais contexto ao leitor. Novas seções e áreas de cobertura foram incorporadas ao cardápio de notícias do jornal. E isto tudo tem impacto em nossas reuniões diárias e nosso planejamento. Como também tem impacto no digital, já que somos uma redação multiplataforma. Planejamento é a palavra mais importante na nossa rotina atualmente.

Quais serão as próximas mudanças do Estadão?
A ideia é seguir num processo de melhoria contínua em todas as nossas plataformas sem perder a essência do Estadão, seja pela sua qualidade jornalística, seja pela sua linha editorial.