O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse hoje (3), na conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, no Uruguai, que a remuneração do jornalismo pelas gigantes digitais minimiza a crise que as organizações de jornalismo profissional e independente têm enfrentado em meio ao acelerado avanço tecnológico e seus efeitos colaterais.
Em painel ocorrido no começo da manhã, Rech disse que as associações ligadas ao jornalismo são fundamentais neste debate. Rech destacou que, por conta da migração de quase 70% da publicidade para as grandes plataformas de tecnologia, as redações estão enfraquecidas, demitindo ou fechando, o que resulta nos desertos de notícias. “E o gangsterismo digital acaba ocupando este espaço”, alertou.
De acordo com o presidente da ANJ, o pagamento dos conteúdos jornalísticos estabelece um novo cenário no ambiente informacional. Ele citou o exemplo da Austrália, onde, a partir de uma legislação que obriga as companhias de tecnologia a pagar por conteúdo, redações já começaram a contratar jornalistas.
Rech disse que pagamento deve seguir regras que diferenciam os veículos de comunicação profissionais dos demais. Segundo ele, um dos critérios para definir valores é o número de jornalistas empregados por esses veículos de comunicação. “Aquele que emprega 100, 200, 300 jornalistas está investindo muito mais. É isso que nós devemos estimular, além da qualidade do que se produz”.
A conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é uma promoção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e ocorre até o dia 5. É possível acompanhar de forma on-line neste link. Sob o lema “Jornalismo sob cerco digital”, o encontro debate o impacto da era digital na liberdade de expressão, na segurança dos jornalistas, no acesso à informação e na privacidade.