Muitos jovens não sabem diferenciar a opinião de informação. Algumas pesquisas chegam a colocar em 59% o percentual de jovens com dificuldade em diferenciá-lo. No Brasil, por exemplo, 67% dos estudantes de 15 anos do Brasil – quase sete a cada dez – não conseguem diferenciar fatos de opiniões quando fazem leitura de textos, de acordo com um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Embora no fundo disso esteja um problema de falta de alfabetização midiática, destaca o Laboratorio de Periodismo, muitos meios de comunicação também não facilitam, porque combinam informação e opinião em seções que deveriam ser meramente informativas.
Para tornar o jornalismo mais ético, o Trusting News, um projeto conjunto do Donald W. Reynolds Journalism Institute e do American Press Institute, mantém e atualiza regularmente um guia de melhores práticas, que pode ser condensado em quatro pontos. São eles:
1. Sempre use a tag de opinião
Os jornais devem rotular o conteúdo e usar palavras que o público entenda. Palavras como “editorial” não são suficientemente definidoras. Os jornalistas sabem o que essas palavras significam, mas nem todos os usuários. Caso o jornal utilize outras palavras como “análise”, é aconselhável incluir também uma descrição indicando sobre o que trata o conteúdo, em uma nota do editor na parte superior do artigo ou em outro local de destaque, como ao lado. “Não é uma boa ideia contar com um slogan no final da história, pois os dados de rolagem geralmente mostram que uma porcentagem muito pequena de leitores chega ao final”, diz o guia.
2. A tag deve seguir a história em qualquer plataforma
Mesmo quando achamos que estamos sendo claros com a marcação, muitas vezes a marca de sentimento não segue a história em todas as plataformas. Ele pode aparecer acima de um título na web, mas não aparece quando o título é inserido em um site social ou aplicativo de notícias.
O guia recomenda adicionar a palavra “opinião”, seguida de dois pontos, no início do título. Alguns sistemas de gerenciamento de conteúdo permitem que diferentes manchetes sejam escritas para diferentes plataformas, o que pode dar às redações a opção de ajustar o nível de clareza necessário.
Outra opção é ter uma prática padrão de adicionar a palavra opinião ao texto das postagens sociais ou às legendas de vídeos ou clipes de áudio.
3. Explique de quem é a opinião
O artigo de opinião é escrito por um jornalista pago para compartilhar sua opinião? É de um colaborador? É de uma fonte especialista ou ativista? É de uma agência? É possível ser transparente sobre a origem de uma opinião de muitas maneiras diferentes. Por exemplo:
• Editoriais ou artigos do conselho editorial. Ter uma página publicada na web que explique quem faz parte do conselho editorial e link para essa página a partir da assinatura. Nessa linha de assinatura, é sempre melhor atribuir o artigo aos jornalistas que escreveram aquele editorial ou conteúdo editorial do que a uma equipe editorial genérica.
• Colunistas regulares. As redações costumam usar a palavra “coluna” para se referir a uma ampla variedade de conteúdo. Uma coluna pode ser de um repórter esportivo que escreve uma coluna de domingo compartilhando sua opinião sobre os jogos do fim de semana, ou um repórter político que fornece análises regulares. Pode haver um colunista em tempo integral no jornal que vem expondo injustiças e problemas em sua comunidade há anos e tem uma presença proeminente na cidade. Uma coluna pode ser de um mestre jardineiro local que oferece sua experiência uma vez por semana. Ou uma coluna pode ser de um serviço de cabo, “e também é importante deixar isso claro”, diz o guia. “Para o público, importa se um colunista é jornalista ou não, e se está ou não na equipe”, acrescenta.
• Críticos. Também é importante que haja informações sobre os jornalistas que se dedicam à crítica (gastronômica, cultural, etc). Por exemplo, uma biografia explicando qual é o seu trabalho e por que sua opinião é qualificada ou boa nesse trabalho. Vincule sua assinatura a essa biografia. Também é recomendável incluir uma nota em itálico no topo da matéria, ou uma caixa ao lado da matéria, indicando que esse jornalista compartilha sua opinião, por exemplo, sobre restaurantes locais. Seja lá ou em outro lugar (mas com links proeminentes), qualquer informação sobre sua estrutura ética deve ser incluída. (Você paga por suas próprias refeições? Você é anônimo? etc.
4. Explique os objetivos
A página de opinião deve ter uma explicação do propósito da seção. Por que há uma seção de opinião? Qual é a missão? Também deve haver explicações de como os artigos de opinião externos são selecionados. Por exemplo, textos que esclarecem questões como estas:
• O jornal pede essas peças ou busca argumentos contra elas antes ou depois de publicá-las?
• Quais são os critérios para publicá-los?
• Os artigos de opinião enviados por pessoas externas são editados?
• Eles são verificados?
• Os envios de fontes especializadas são tratados de maneira diferente dos envios de pessoas comuns?
• Você paga por esses itens?