A imunização em massa contra a Covid-19, num esforço mundial para conter a pandemia, pode ser considerado o capítulo mais glorioso da história das vacinas. Mas, no panorama geral, as conquistas da ciência nesse campo vêm sendo minadas pela desinformação. Doenças controladas há décadas, como a poliomielite, o sarampo e a coqueluche, hoje ameaçam a humanidade outra vez com a queda na cobertura vacinal em vários países, inclusive o Brasil.

Para conter essa maré de notícias falsas e democratizar o acesso à informação sobre imunização, o Grupo Globo lança hoje o projeto Vacina é Saúde, que vai reunir conteúdo sobre o tema em múltiplas plataformas. O esforço editorial, que tem patrocínio da GSK, inclui reportagens, entrevistas, lives, webdocs e podcasts.

O projeto será um hub de conteúdo sobre o assunto, que vai trazer notícias sobre as últimas descobertas científicas, os avanços (e retrocessos) nas políticas públicas, as soluções disponíveis na rede privada e os desafios que a hesitação vacinal tem imposto ao mundo.

O conteúdo será veiculado nos diversos integrantes da plataforma, que inclui os jornais GLOBO, Extra, Valor, as revistas Marie Claire, Crescer, Época Negócios e a rádio CBN. No caso da Editora Globo, as publicações estarão disponíveis em versão impressa e online, com identidade visual integrada.

— O Brasil é uma referência há décadas com seu Programa Nacional de Imunizações, mas o crescimento da hesitação vacinal tem preocupado especialistas no país. Precisamos combater a desinformação para reverter essa tendência perigosa — afirma a editora de Saúde do GLOBO, Adriana Dias Lopes.

Criado em 1973, o PNI tem hoje na Covid-19 sua principal linha de batalha. Mas a lista de êxitos do programa é longa e antiga, a começar pela pólio, doença capaz de causar paralisia incapacitante em crianças que foi alvo da primeira campanha nacional de vacinação.

Recentemente, o país tem enfrentado queda na cobertura vacinal de doenças como a própria poliomielite, além a tuberculose e o sarampo. Esta última vem vivendo novos surtos, a ponto de o Brasil ter perdido o certificado que atesta o fim da circulação do vírus, emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). As razões para a baixa adesão são variadas, como o medo de efeitos adversos e as dificuldades de encontrar atendimento.

Cenário mundial

No resto do mundo, a situação não é muito diferente. Dados oficiais publicados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertaram para o maior retrocesso nas taxas de vacinação infantil nos últimos 30 anos. Para as instituições, o declínio é associado a fatores como o aumento da desinformação no contexto da pandemia da Covid-19, os desafios logísticos pela emergência sanitária e o número crescente de crianças que vivem em áreas de conflito e vulnerabilidade.

Um dos exemplos da queda é a cobertura vacinal das três doses da vacina conhecida como tríplice bacteriana, a DTP3, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Entre 2019 e 2021, a taxa de imunização caiu 5%. Embora especialistas preconizem uma cobertura próxima a 90%, esse percentual foi de 81% no último ano — o mais baixo desde 2008. Segundo as organizações, esses números apontam que há 25 milhões de crianças no mundo sem uma ou mais doses da DTP3 em 2021, seis milhões a mais que em 2019.

Especialistas afirmam que a trajetória das vacinas é vítima do próprio sucesso. Graças à imunização em massa, diversos males que já apavoraram o mundo, como a varíola, agora parecem ameaças superadas. A ponto de surgirem grupos e pessoas que lutam pelo direito de não se proteger contra doenças imunopreveníveis, o chamado movimento antivacina.

A partir de agora, o Vacina é Saúde vai mostrar o que há de novo no campo de pesquisa de imunizantes, incluindo aqueles ainda em desenvolvimento, como o de HIV e a próxima geração de soluções contra o Sars-CoV-2, causador da Covid, que deve proteger contra mais cepas do vírus. Também vai tirar dúvidas sobre as vacinas ainda pouco conhecidas mas de suma importância, como a do HPV.