Em workshop virtual promovido peça Fundação Gabo, o jornalista espanhol Arturo Larena, diretor de Meio Ambiente e Ciência da Agência EF, disse que a crise climática é “o maior problema que enfrentamos como espécie e, portanto, requer uma resposta informativa clara”. Para isso, propõe as seguintes recomendações:

  1. Especialize-se

A mídia deve ter uma seção especializada em meio ambiente, ou melhor, imbuir as outras de abordagens verdes? Os dois andam de mãos dadas. “O jornalismo especializado é importante, mas sem perder de vista que qualquer tipo de cobertura (econômica, política ou religiosa) pode ter foco ambiental”, esclarece Larena.

No entanto, essa especialização não se limita apenas a entender os conceitos mais básicos do assunto, mas a identificar as fontes mais adequadas para falar sobre ele sem cair em falsas simetrias, pois, como aponta Larena, “um relatório do Painel não é o mesmo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) do que qualquer declaração lançada por um grupo de negadores cujos interesses são desconhecidos.

  1. Do local ao global

Trazer a complexidade da crise climática para o nosso dia a dia é essencial para gerar conversas mais profundas e informadas. Os impactos das mudanças climáticas não se limitam ao derretimento do gelo nos polos, a reportagem deve se interessar pelo local: a intensidade dos incêndios florestais, a diminuição da vazão dos rios, as ondas de calor com números recordes que afetam nossa saúde , seja pelo aumento do preço dos alimentos, seja pelas mulheres indígenas que protegem o território em países onde defender a vida se paga, ironicamente, com a morte.

  1. A espinhosa questão do financiamento

Sejamos claros: fazer jornalismo na área custa caro, não é barato! Então, como você consegue dinheiro para financiar mais pesquisas no campo? Embora não seja fácil, Larena sugere insistir em duas frentes. Primeiro, a luta interna, aquela que fervilha na mídia, com editores, diretores e colegas, para explicar a necessidade e a urgência do jornalismo ambiental na sociedade. “Essa é uma luta que você tem que manter dia após dia, mas às vezes você desanima e questiona se vale a pena continuar ou não. A resposta é sempre sim”, diz Larena.

A segunda frente é externa e exige regras claras. É possível fazer alianças com organizações que entendam que independência e rigor não são negociáveis, e que o critério editorial (o que cobrir e como cobrir) está nas mãos do jornalista, não de quem coloca o dinheiro. O editorial é uma alternativa para alcançá-lo? Para Larena, “não serve se você quer fortalecer o jornalismo ambiental, mas serve para financiar a mídia, que, não esqueçamos, é um negócio com função social e precisa buscar sua sobrevivência econômica”. No entanto, a falta de clareza na hora de publicar esse tipo de conteúdo criou um certo divórcio entre o cidadão e a mídia tradicional. “Leitores, ouvintes e telespectadores não são estúpidos,

  1. Temos que correr riscos

Estamos realmente interessados ​​em entender nosso público e suas necessidades? Que palavras estamos usando para comunicar melhor a complexidade da crise climática? Como estamos amplificando a voz dos mais desfavorecidos e contrabalançando o poder com nossas histórias? Quais são os novos formatos que podemos explorar e quais podemos adaptar a outras plataformas? Como comunicar no TikTok para cativar o público mais jovem? Estamos aproveitando cartoons, desenhos, infográficos e outros suportes visuais? Você não precisa ter medo de arriscar e falhar.