O mundo celebra nesta quarta-feira (3) o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (WPFD, em inglês), que neste ano está em sua 30ª edição. Para marcar a data, dezenas de jornais brasileiros publicam hoje, nos meios impresso e digital, uma campanha assinada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), que destaca a importância decisiva do jornalismo no combate à desinformação e à retórica de ódio espalhadas na internet. Os veículos também veiculam um anúncio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) alusivo à importância do jornalismo profissional para a democracia.

O anúncio da ANJ enfatiza que a desinformação só tem um lado: o de dentro da bolha. “Informação correta e plural é aquela apurada e verificada com plena liberdade. Sem distorções, sem intimidações e sem bolhas de opinião”, diz a peça publicitária elaborada pela agência Frisson Comunicação e Marketing.

“Para se ter liberdade de imprensa, não basta apenas liberdade. É preciso também uma imprensa vigorosa e economicamente saudável para fiscalizar governos e enfrentar a epidemia de desinformação espalhada pelas redes sociais”, diz o presidente da ANJ, o jornalista Marcelo Rech. “Também por isso entendemos que o trabalho de limpeza da poluição social causada pelas plataformas deve ser bancado, no mínimo parcialmente, por quem dissemina  a poluição”, completa.

As celebrações do WPFD são lideradas pela UNESCO e, neste ano, tem como tema central a correlação condicional do direito à livre expressão com os demais  direitos: “Moldando um futuro de direitos: a liberdade de expressão como um motor para todos os outros direitos humanos”.

Em mensagem de vídeo especial sobre a data, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que “toda a nossa liberdade depende da liberdade de imprensa”. Para ele, o funcionamento pleno do setor é a base da democracia e da justiça.

Citando acompanhamentos feitos pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e Repórteres sem Fronteiras (RSF), Guterres lembrou que o jornalismo está sob ataque. Jornalistas e trabalhadores do setor, disse o  secretário-geral, são visados enquanto realizam seu trabalho, sendo assediados, intimidados, detidos e presos. Segundo ele, pelo menos 67 trabalhadores da mídia foram mortos no ano passado. Isso representa um aumento de 50% em relação a 2021. Além disso, quase 75% das jornalistas sofreram violência online e uma em cada quatro foi ameaçada fisicamente.

O último relatório World Press Trends Outlook, da Associação Mundial de Newsmedia (WAN-IFRA) apresenta dados semelhantes. Segundo o estudo, pelo menos 66 jornalistas foram mortos em 2022, 40 deles por motivos diretamente ligados ao seu trabalho, enquanto estimativas sugerem que um número recorde – 363 – está atualmente preso (um aumento de 20% em relação a 2021).