Os principais jornais brasileiros participam, no próximo sábado (3), de duas campanhas alusivas ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Viabilizada pela AMI – Associação Colombiana de Meios de Informação, a primeira iniciativa destaca que, infelizmente, 70% dos governos em todo o planeta impõem restrições à prática jornalística. A campanha tem o apoio da Associação Nacional de Jornais (ANJ), de entidades latino-americanas, da World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-IFRA) e da Sociedade Interamericana da Imprensa (SIP, na sigla em espanhol). A segunda mobilização envolve peças produzidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cujo tema central chama a atenção para fato de que “sem jornalismo, a realidade fica incompleta”.

As campanhas contam com anúncios impressos, digitais, redes sociais e vídeos, já enviados aos jornais associados. “Essa é uma data para não ser esquecida jamais. A liberdade de expressão é a base da liberdade de imprensa, que é o direito de a sociedade ser informada livremente, muito antes de ser uma liberdade para a imprensa”, destaca o presidente-executivo da ANJ, o jornalista Marcelo Rech.

A campanha coordenada pela AMI Colômbia foi concebida e desenvolvida pela agência de publicidade espanhola Portavoz, com 30 anos de atuação. Juanma Soriano, diretor criativo da empresa, ressalta que a iniciativa nasceu em um contexto global em que os ataques à liberdade de imprensa por parte dos governos se intensificaram, colocando em risco a democracia e o direito à informação. “Queremos alertar a sociedade sobre esse perigo crescente e, ao mesmo tempo, apoiar os jornalistas que, apesar das ameaças, continuam a realizar seu trabalho tão necessário com comprometimento e coragem”, enfatiza.

A iniciativa da UNESCO, por sua vez, está integrada a uma série de eventos pautados pelo tema “O impacto da Inteligência Artificial na Liberdade de Imprensa e na Mídia”. Segundo a organização, a IA está transformando o jornalismo, fornecendo ferramentas que aprimoram o jornalismo investigativo, a criação de conteúdo e a checagem de fatos.

“A tecnologia permite maior eficiência, acessibilidade multilíngue e análise de dados aprimorada. No entanto, esses avanços também trazem riscos: desinformação e informações enganosas geradas pela IA, tecnologia deepfake, moderação tendenciosa de conteúdo e ameaças de vigilância a jornalistas”, informa a UNESCO. Além disso, de acordo com a agência da ONU, o papel da IA ​​no modelo de negócios da mídia levanta preocupações sobre a remuneração justa do conteúdo jornalístico e a viabilidade da mídia.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado sempre em 3 de maio, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993, em resposta a um apelo de jornalistas africanos que, em 1991, produziram a histórica Declaração de Windhoek.

A data celebra os princípios fundamentais da liberdade de imprensa, avalia a liberdade de imprensa em todo o mundo, defende os profissionais de mídia contra ataques à sua independência e presta homenagem aos jornalistas que perderam a vida no exercício da profissão.

Imagem: UNESCO – Arte de Marc James.