O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, defendeu hoje (20) um entendimento global envolvendo governos democráticos, organizações jornalísticas e grandes empresas digitais para concretizar com mais celeridade os acordos locais que viabilizem, a partir de autorregulação, a remuneração do jornalismo profissional pelas big techs.
“É importante que cheguemos a um denominador comum que independa de governos de ocasião e que solidifique a democracia; precisamos chegar a uma base mínima para que a partir dela as legislações venham a se adaptar país a país, onde as circunstancias são completamente diferentes”, disse Rech durante um painel realizado dentro da programação da reunião de meio de ano da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), que abordou os casos do Brasil, Estados Unidos, Europa e Canadá.
Rech afirmou ainda que certamente não é do interesse das empresas digitais que o jornalismo desapareça ou seja enfraquecido a ponto de perder relevância. Ele destacou que onde o jornalismo foi silenciado isso também resultou em prejuízo para as grandes empresas digitais, como é o caso da Rússia, onde quase todas foram banidas.
De acordo com o presidente da ANJ, as companhias de tecnologia criam, sem a vontade delas, uma poluição no ambiente digital que inclui a desinformação e o discurso de ódio. A limpeza dessa poluição é feita pelo jornalismo profissional, único que detém técnicas necessárias para tanto. “Esse trabalho tem um custo que precisa ser pago por quem polui, do contrário teremos um apocalipse informacional”, ressaltou Rech.
O encontro contou também com a participação do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do Projeto de Lei 2630, conhecido como “PL das Fake News”. Segundo o parlamentar, o projeto em discussão no Brasil pretende criar um ambiente transparente e mais saudável na internet brasileira por meio de uma autorregulação regulada. Esse ambiente, disse o deputado, passa por educação midiática, acesso democrático à internet e valorização do jornalismo profissional, por meio da remuneração do conteúdo jornalístico utilizado pelas plataformas digitais e que está associado ao fluxo de audiência das big techs.