A poucos dias da eleição legislativa dos Estados Unidos (em 6 de novembro), o presidente norte-americano, Donald Trump, culpou nesta quarta-feira (24) a mídia do país de provocar raiva e retórica de ódio contra políticos. O mandatário fez a acusação em meio a uma série de ataques com pacotes-bomba nesta semana. “A imprensa tem responsabilidade de adotar um tom mais civilizado e parar as hostilidades constantes e os ataques negativos e, muitas vezes, falsos”, disse Trump em discurso no Estado de Wisconsin. O republicano também se manifestou no Twitter, responsabilizando a mídia pelo ambiente político polarizado e, muitas vezes, violento. “Uma parte muito grande da raiva que vemos hoje em nossa sociedade é causada pela reportagem propositalmente falsa e imprecisa da mídia tradicional a qual me refiro como Fake News”, escreveu. “Ficou tão ruim e odioso que está além da descrição. A mídia tradicional deve limpar suas ações, RÁPIDO!”
Agentes federais investigavam uma série de pacotes-bombas enviados a políticos ou personalidades ligadas ao Partido Democrata e à CNN. Até agora, estão entre os destinatários o bilionário George Soros, a congressista da Flórida Debbie Wasserman Schultz, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton – candidata a presidente em 2016 –, o ex-presidente Barack Obama, o escritório da CNN em Nova York, a congressista Maxine Waters da Califórnia (duas unidades), o ex-vice-presidente Joe Biden (duas unidades) e o ator Robert De Niro.
O jornalista Pete Vernon, da Columbia Journalism Review, lembra que, embora todos os pacotes-bomba tenham sido endereçados a alvos frequentes das críticas de Trump, o motivo e as inclinações políticas das ameaças não estão claros. No entanto, salienta Vernon, o presidente, “sem dúvida, desempenhou um papel ao alimentar a raiva” contra seus críticos, adversários políticos e veículos de notícias – especificamente a CNN – que tentam fazer uma cobertura honesta da Casa Branca.
Em declaração na tarde de quarta-feira, o presidente da CNN Worldwide, Jeff Zucker, criticou Trump e sua administração por sua abordagem à imprensa. “Há uma total e completa falta de compreensão na Casa Branca sobre a gravidade de seus contínuos ataques à mídia”, disse Zucker. Hillary Clinton afirmou que o país vive momentos turbulentos e conclamou por união. “É um momento preocupante, de grande divisão, é preciso fazer todo o possível para voltar a unir nosso país. Também temos que escolher candidatos que façam o mesmo”, apontou, com o alvo na disputa eleitoral e na terrível polarização que se vive este país.
O democrata Bill de Blasio, prefeito de Nova York, disse em entrevista coletiva que os atentados são “ato de terror dirigido a minar nossas liberdades”. “Não podemos deixar que os terroristas nos intimidem, este é o mundo onde vivemos”, acrescentou, ao lado do governador Andrew Cuomo. “O terrorismo só funciona se lhe permitirem. São alguns poucos os que tentam nos separar pela via da violência. Não podemos permitir.”
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