As redações contam cada vez mais com equipes que classificam uma torrente de imagens que emergem de um conflito como o que ocorre na Ucrânia, separando vídeos genuínos de desinformação. Ao contrário das investigações típicas das redações que dependem de dados privados para descobrir histórias e verificar incidentes, relata o The Washington Post, a perícia visual usa materiais de código aberto amplamente disponíveis, como vídeos e fotos de mídia social, Google Maps, bancos de dados públicos e boletins meteorológicos ou imagens de satélite de alta qualidade oferecidas através de assinaturas pagas.
“Este é um processo muito rigoroso”, diz Haley Willis, repórter de investigações visuais do The New York Times. “Temos padrões de verificação semelhantes aos de qualquer outro jornalista. Muito poucos jornalistas vão escrever uma história com base no que uma fonte está dizendo, a menos que seja a fonte. Somos iguais: esperamos vários pontos de corroboração.”
Muitas vezes, é um esforço de grupo envolvendo correspondentes estrangeiros e fontes em campo para sinalizar o conteúdo. Dado o potencial de propaganda e desinformação em uma zona de conflito, mesmo vídeos de fontes normalmente confiáveis precisam ser verificados, e determinar sua autenticidade requer muita paciência, criatividade e atenção aos detalhes.
O processo começa com a geolocalização: identificar exatamente onde uma imagem foi gravada em um mapa, o que Haley Willis chama de “o pão com manteiga” da verificação. “Nunca publicaremos um clipe em nossas atualizações de blog ou tweets se não o localizarmos”, afirma.
Para isso, os jornalistas forenses dissecam as cenas pixel a pixel, procurando pontos de referência, silhuetas e outros detalhes, e cruzam imagens usando ferramentas gratuitas como o Google Earth ou o equivalente russo, Yandex, além de serviços de assinatura via satélite. Eles também podem comparar vários vídeos do mesmo incidente para desbloquear mais pistas. Às vezes, algo tão pequeno quanto um padrão de telha em um telhado pode sugerir onde algo aconteceu.
Em seguida, eles tentam estabelecer quando a gravação foi capturada, o que pode ser muito mais difícil e nem sempre possível. Às vezes, os repórteres podem acessar metadados – uma espécie de impressão digital que pode revelar onde e quando algo foi filmado – mas isso nem sempre está disponível ou é confiável. Caso contrário, os jornalistas podem ter que ser criativos e ser especialmente observadores, às vezes verificando os boletins meteorológicos e descobrindo a hora do dia com base na forma como os objetos projetam sombras na cena.