Louise Story, ex-gerente de Estratégia de Notícias e ex-gerente de produto e tecnologia do The Wall Street Journal, detalhou, em uma sessão do congresso Digital Media Latam 2021, da Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês), como construir uma cultura do produto e como esse processo foi abordado pelo diário norte-americano. O processo realizado resultou no que ficou conhecido como abordagem MACU, em inglês: Membros, Públicos, Clientes e Usuários.

Louise, segundo o Laboratorio de Periodismo, introduziu novas habilidades, capacidades e formas de pensar que enriqueceram o trabalho jornalístico e melhoraram drasticamente a experiência dos membros com produtos, tecnologia e dados. A abordagem MACU ajudou a criar equipes multidisciplinares com especialistas de diferentes áreas que trabalharam juntos desde o início para atingir objetivos comuns voltados para o público.

A executiva enfatizou que uma das prioridades para um projeto de transformação bem-sucedido que busca impulsionar uma cultura de produto é mudar a mentalidade sobre como os leitores chegam às informações. “A mentalidade que existia na indústria da mídia até agora”, disse Story, “é que se você escrever algo de interesse e o chefe confirmar que é interessante, no final as pessoas virão e lerão, e isso é o suficiente”. Mas isso não é verdade, segundo ela. “Nesse processo entendemos que não é assim… é possível que as pessoas não cheguem”. Para evitar que isso aconteça, é importante que todos os departamentos trabalhem na criação dos produtos, afirmou.

Louise também enfatizou a necessidade de as pessoas entenderem que a chave para o sucesso é o fato de que jornalismo, tecnologia e produto e o resto das seções convergem. Ela deu como exemplo a eleição presidencial dos Estados Unidos no ano passado. O The Wall Street Journal criou um produto pelo qual, à medida que os resultados eram divulgados por estado, o diário emitia tuítes automáticos mostrando os resultados da corrida eleitoral. As informações chegaram de fontes oficiais e foram rapidamente confirmadas, enriquecidas e publicadas no Twitter com uma nova ferramenta. Todos os avanços em todos os estados, minuto a minuto.

O sucesso desse novo produto foi excepcional, disse ela. “Nos deu muito tráfego. Com isso quero dizer que jornalismo é jornalismo, mas também software e produto. Tecnologia e novidades se fundem e é preciso trabalhar juntos”.

No caso do The Wall Street Journal, o MACU foi um dos primeiros passos para promover a cultura de produto necessária para se chegar ao sucesso como meio, unindo níveis e trabalhando juntos. “Foi algo que mais me impressionou quando vim para o WSJ. Nomes diferentes eram falados e os idiomas eram uma barreira. O MACU foi a solução para designar de fato a mesma pessoa que estamos focando, respeitando as particularidades. Foi uma resposta para trabalharmos juntos”, afirmou.

Quando se abordou como começar a trabalhar para promover a cultura de produto, relatou Louise, era necessário definir objetivos externos e internos; ou seja, ajustar o conteúdo para representar um valor para o público e mudar internamente a forma de trabalhar. “Não podíamos continuar trabalhando em silos. Um dos motivos pelos quais decidimos implementar o MACU foi integrar esses processos, unificando, mas respeitando as diferentes disciplinas e linguagens”, disse.

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