O GLOBO – 27/10/2018

O fórum de investimentos da Arábia Saudita foi criado para mostrar o futuro do reino do petróleo, mas foi o ouro negro e antigos aliados que salvaram o evento desta semana do furor pela morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

Apesar do boicote ao evento por dezenas de importantes políticos ocidentais, banqueiros e altos executivos que desertaram do encontro de três dias, findo quinta-feira, Riad assinou acordos bilionários, principalmente de energia, durante o fórum. No entanto, o evento empalideceu em comparação com sua primeira edição, em 2017, quando robôs percorreram o local enquanto o reino voltava seu foco para a promessa de novas tecnologias e até anunciou planos para construir uma cidade do futuro de US$ 500 bilhões. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante saudita de fato, disse à Bloomberg no início do mês que Riad anunciaria um “surpreendente acordo” nesta edição do fórum, chamado de Future Investment Initiative (FII), prometendo “grandes números” em um setor “distante do petróleo”. Mas quando a sessão final do evento terminou, nenhum anúncio desse tipo foi feito.

— (O fórum) Está voltando à velha economia, enquanto deveria ser sobre o futuro. A velha economia vem em socorro da nova economia —disse um participante da conferência. A Arábia Saudita assinou 25 acordos na terça-feira que valem mais de US$ 55 bilhões nos setores de energia, petroquímica, infraestrutura e transporte. Do total, a estatal saudita Aramco assinou memorandos de entendimento no valor de US$ 34 bilhões com alguns de seus principais parceiros de longa data. Outro participante da conferência disse que a falta de investimentos em alta tecnologia era “palpável”. Em uma observação que funcionou bem na principal sala de conferências, em que os sauditas formaram uma proporção maior do que em 2017, o príncipe Mohammed bin Salman acrescentou: —Acho que a nova Europa é o Oriente Médio.