Uma postagem nas redes sociais pode ser opinião, mas um conteúdo impulsionado é mídia e, por isso, tem de observar as mesmas regras aplicadas aos veículos de comunicação e às organizações jornalísticas. A afirmação é de Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, em almoço, nesta quinta-feira (18), em Brasília, com representantes de alguns dos principais líderes de jornais, revistas e emissoras de televisão e de rádio do país.
No encontro, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), Pimenta fez uma defesa da aprovação do projeto de lei 2630/2020 – conhecido como PL das Fake News –, que tramita no Congresso, do jornalismo profissional independente e da remuneração, por parte das grandes empresas digitais, pelo conteúdo jornalístico que reproduzem em suas plataformas.
Segundo o ministro, o mercado que sustenta as atividades de redes sociais e motores de busca sufoca o jornalismo local, o que resulta nos desertos de notícias, ambiente pouco favorável à democracia. “Temos a convicção de que neste momento histórico não podemos abrir mão da nossa soberania e nos sujeitar a esse modelo de negócios”, disse.
O ministro também comentou que uma das primeiras medidas de sua gestão foi implantar uma política justa de distribuição de verba publicitária, reduzindo gastos com leilões digitais pelos quais o governo nem sabia onde a publicidade estava sendo veiculada. “E trouxemos de volta os jornais, as revistas e as rádios”, afirmou. Pimenta disse ainda que o governo vai promover uma comunicação que observa as questões locais, regionais e de diversidade.
Antes da fala do ministro, o presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, também defendeu a aprovação, no Congresso, do projeto 2630/2020 e da remuneração de conteúdo jornalístico, que pode ser votada por meio de outro projeto de lei, o de número 2370/2019. Segundo ele, a melhor forma de combater a desinformação e a retórica de ódio na internet é valorizando o jornalismo profissional.
Rech voltou a destacar que, nos países que já detêm legislações que garantem a remuneração jornalística, todo o ecossistema da informação correta e precisa, representada pelo jornalismo profissional, é beneficiado, com impactos muito positivos para toda a sociedade. Ele ressaltou ainda que, infelizmente, cerca de 80% da publicidade digital fica nas mãos de apenas duas empresas: Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, e Google, proprietária do YouTube. Essa realidade tem corroído a atividade de veículos noticiosos em diferentes localidades. “Cada vez que um jornal local deixa de circular as almas das cidades ficam feridas”, ressaltou.
Estiveram presentes no encontro executivos e publishers de jornais, rádios e emissoras de televisão, a diretora e representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Marlova Jovchelovitch Noleto, o presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), Rafael Menin Soriano, o diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Cristiano Lobato Flôres, e a presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco.
A ANJ também realizou hoje, em Brasília, reuniões de diretoria e do seu Conselho de Administração.
Crédito das fotos: Augusto Coelho