O bilionário tcheco Daniel Kretinsky tornou-se sócio do influente jornal francês Le Monde ao adquirir 49% das ações do banqueiro Mathieu Pigasse na holding Le Nouveau Monde, que possui parte do capital do jornal. O grupo do empresário da República Tcheca, o Czech Media Invest, já é dono do semanário francês Marianne e está prestes a adquirir uma série de revistas francesas, como a Elle. Em seu país, Kretinsky é proprietário do tabloide Blesk e de um time de futebol de primeira linha, o Sparta Prague.
Os termos do acordo não foram divulgados, informaram a Reuters, a AFP e o jornal O Globo, mas Pigasse disse a jornalistas que o investimento de Kretinsky no Le Nouveau Monde é minoritário, o que implica ausência de controle para o bilionário tcheco. A direção do Le Monde, por sua vez, informou que qualquer nova mudança de controle do grupo terá de ser “previamente acordada” com Pigasse e Xavier Niel, também acionista do Le Nouveau Monde ao lado de outros investidores (como o grupo espanhol PRISA) e o chamado “polo de independência”, constituído pela sociedade de redatores, assalariados e acionistas históricos.
Kretinsky disse que seus investimentos em mídia são diferentes da principal atividade de seu grupo, a energia. “É basicamente uma atividade cívica”, garantiu. “Nossa intenção não é nos impor, mas participar. Não buscamos com a mídia um meio de influência para ganhar outras atividades em outros setores, como a energia”. O bilionário é acionista majoritário e diretor-executivo do grupo de energia e infraestrutura EPH, que tem usinas de eletricidade em diferentes pontos da Europa. Após transformar a companhia em um dos maiores grupos do setor no continente, ele diversificou seus negócios para outros tipos de investimento recentemente, incluindo mídia.
Transformação
Em 2010, mergulhado na maior crise financeira de sua história, o Le Monde, fundado em 1944, foi salvo por um investimento conjunto de € 100 milhões em um operação de recapitalização comandada por Pierre Bergé, um dos criadores da marca Yves Saint Laurent e falecido no ano passado, Xavier Niel e Pigasse, que se tornaram acionistas majoritários através de uma estrutura chamada ‘Le Monde Libre’.
Desde então a empresa de mídia tem feito investimentos no meio digital, em novas publicações e na internacionalização da marca. Em 2017, apesar de queda na receita, o grupo Le Monde registrou índices positivos em seu EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de € 17,1 milhões, no resultado operacional (€ 11,4 milhões) e no resultado líquido (€ 7 milhões, contra a cifra negativa de € 1,1 milhões em 2016). Ao mesmo tempo, a circulação paga do jornal cresceu 5,6% no período, principalmente por conta do crescimento de 44% na carteira de assinantes digitais, que atualmente representam receita maior que a distribuição em papel.
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http://www.cbnews.fr/medias/groupe-le-monde-7meur-de-resultat-net-en-2017-a1041933