Os novos profissionais e IA: o que vem pela frente? Essa foi a provocação do 4º painel do 2º DATA DAY da ANJ, que contou com as participações Antonio Rocha Filho, Professor do Curso de Jornalismo da ESPM (SP): Dani Braga, Editora de Inteligência Artificial da Folha de S.Paulo (SP); e Breno Ribeiro, Gestor de BI e TECH do Diário do Comércio (MG).
Rocha Filho disse que, por terem nascido em um ambiente digital, os jovens profissionais têm mais facilidade na utilização de IA. Mas há uma grande preocupação em garantir que os novos talentos respeitem os princípios éticos e as técnicas jornalísticas consagradas. “É importante entender os limites de uso, para que não se falseie a verdade e para a preservação dos direitos autorais”, afirmou. Para ele, é preciso treinar os profissionais garantindo esses princípios e, ao mesmo tempo, oferecendo o uso de alta tecnologia.
Segundo Dani Braga, a IA está presente na vida de todos, exigindo mudanças de comportamento para qualquer profissional. Nesse posicionamento, disse ela, é fundamental ter uma mentalidade de aprendiz. Além disso, de acordo com ela, o profissional que trabalha com IA precisa saber delegar à maquina o que ela faz de melhor, preservado o mesmo ao ser-humano. “A IA trabalha com o passado, mas a informação nova é a gente que vai dar. E ainda temos nosso poder analítico, de decisão, de apuração. O otimismo é o melhor caminho”, destacou.
A jornalista da Folha de S.Paulo deu algumas dicas práticas de prompts, tais como escrever com clareza e evitar ambiguidade; evitar o uso de “não”; adotar uma persona para o chat; definir um papel que o chat deve desempenhar; declarar sua intenção; definir o formato; e dar exemplos. “É preciso não ser genérico demais. Tem de ser didático”.
Rocha Filho apresentou alguns dados da pesquisa “Inteligência Artificial para Jornalistas Brasileiros”. O estudo mostra que 86,5% dos jornalistas entrevistados conhecem ou acham que conhecem a IA sabem o que é como se relaciona com o jornalismo. Jornalistas mais jovens conhecem mais, 93%, e mais velhos menos, 76,4%. De acordo com a pesquisam 56% fazem uso de IA, mas 38,3% não usam e 26,5% dizem que não querem usar de jeito nenhum.
Quanto à possível redução de vagas no mercado de trabalho, 68,3% disseram estar preocupados. O professor disse que existe uma preocupação em relação a pequenas e médias redações que podem fazer mais uso de IA e, em contrapartida, reduzir as vagas de jornalistas.
Um dado preocupante do estudo mostra pouco treinamento em IA entre os jornalistas: 76,5% dizem não ter recebido capacitação. O desafio, disse Rocha Filho, é conseguir estabelecer treinamento em meio ao atribulado cotidiano das redações. Na Folha de S.Paulo, segundo Dani, o treinamento foi uma “trabalho de formiguinha, pegando na mão, de editoria e editoria”.
Foto: Rogério Lorenzoni / Studio3x