As liberdades de expressão e de imprensa sofrem restrições generalizadas nas Américas, segundo a edição de 2024 do Índice Chapultepec da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla espanhol), divulgada neste sábado (19) pela entidade. A média das 22 nações analisadas entre 2 de agosto de 2023 e 1º de agosto de 2024 está abaixo da faixa intermediária da classificação, o que representa queda pelo segundo ano consecutivo. O Brasil ocupa o 6º lugar entre todas as regiões analisadas, com um aumento de oito posições (índice de 66,55), mas permanece no grupo de países com baixas restrições. O resultado reflete a redução das hostilidades a jornalistas e a organizações de notícias após um período de escalada de violência que culminou com os atos antidemocráticos contra os Três Poderes, em janeiro de 2023.
O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Carlos Jornet, ao apresentar os resultados das análises do índice durante a 80ª Assembleia Geral da organização, em Córdoba, na Argentina, destacou que nenhum país está localizado na faixa “com liberdade de expressão”, ao contrário dos três anos anteriores onde até dois países foram classificados com estas características.
“Há uma evidente e preocupante deterioração da liberdade de imprensa nas Américas, e isso tem a ver diretamente com as ameaças aos regimes democráticos no continente”, disse o presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech. “É preciso se ter claro que, sem respeito a uma imprensa livre, a corrupção, a leniência com a coisa pública e os desmandos de governantes permanecem ocultos da opinião pública”, completou.
A faixa de “baixa restrição” do índice deste ano é composta por Chile, República Dominicana, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Uruguai, Jamaica e Panamá. O grupo de países onde as liberdades de expressão e de imprensa estão “sob restrições” é formado por Paraguai, Costa Rica, Argentina – estes ainda acima da média global da região –, Equador, México e Colômbia.
Os países com “alta restrição” são Honduras, Peru, Guatemala, Bolívia e El Salvador, o que equivale a 23% da representação total do índice. Jornet destacou a queda do Peru em quatro posições em relação ao período anterior. Honduras se repete na liderança do grupo, e o restante troca de posições em relação à edição anterior. Por fim, no grupo “sem liberdade de expressão”, Cuba, Venezuela e Nicarágua repetem as mesmas posições há duas edições. A Venezuela apresenta queda de 6,23 pontos, a maior diferença de resultados entre os três países deste grupo.
O Índice SIP Chapultepec é coordenado por acadêmicos da Universidade Católica Andrés Bello da Venezuela, por meio de uma extensa rede de especialistas em 22 países das Américas. As análises levam em consideração quatro critérios para medir a situação das liberdades de imprensa e de expressão nas Américas: cidadania informada; exercício do jornalismo; controle da mídia; e violência e impunidade.