Há 122 anos, em 13 de janeiro de 1898, o jornal francês L’Aurore publicava a carta aberta do escritor Émile Zola na qual ele denunciava a fraude que provavelmente evidenciou pela primeira vez na imprensa mundial o conceito de “notícias falsas”. O texto, com o título J’Accuse e dirigido o então presidente da república Felix Faure, questionava o processo que, alguns anos antes, havia resultado na condenação do Capitão Alfred Dreyfus, hoje considerado um dos maiores erros judiciais da história da humanidade.  

Acusado de trair a pátria ao vender segredos do exército francês para os alemães, Dreyfus foi oficialmente destituído de sua patente por crime de traição à pátria em 1895. Em 1899, diante do acúmulo de novas provas, um novo julgamento foi realizado. Dreyfus foi novamente considerado culpado. Entretanto, a sentença foi comutada devido a circunstâncias atenuantes. Dreyfus acabou recebendo perdão presidencial, mas apenas em 1906 foi declarado inocente. Reabilitado, o oficial retornou ao Exército, participando como combatente na Primeira Guerra Mundial. 

Zola se convenceu da inocência de Dreyfus graças às provas reunidas pelo irmão do militar, Mathieu Dreyfus, e sua esposa, Lucie, relata o jornal Nexo. O escritor então escreveu três artigos no jornal Le Figaro defendendo o capitão, mas sua colaboração acabou cortada depois que a publicação começou a perder assinantes. Zola passou então a investir em panfletos de rua, provavelmente quando surgiu uma primeira versão do célebre texto de defesa. George Clemenceau, futuro primeiro-ministro da França, e na época redator-chefe do jornal L’Aurore, decidiu então publicar o artigo de Zola na primeira página. Valeu-se de um recurso gráfico incomum para a época: a manchete atravessou toda a parte de cima da página, tomando o espaço de seis colunas. Com circulação costumeira de 30 mil cópias, foram rodados 300 mil exemplares do L’Aurore no dia do “J’accuse”.

No texto, o escritor descreve em detalhes as artimanhas de oficiais que tinham como objetivo incriminar Dreyfus, a negligência das instâncias superiores, erros judiciais e a falta de provas consistentes para condenar o militar. Ao final, em uma sequência de parágrafos que se iniciam com a frase “J’accuse…” (eu acuso), o escritor coloca no banco dos réus oficiais de alta patente, especialistas em grafologia, o Ministério da Guerra e o Conselho da Guerra.

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https://marcelobonelli.cienradios.com/el-dia-que-emile-zola-dio-a-conocer-su-jaccuse-contra-una-historica-fake-news/

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/01/16/%E2%80%98Jaccuse%E2%80%99-o-que-h%C3%A1-por-tr%C3%A1s-da-manchete-mais-famosa-da-hist%C3%B3ria

https://www.palavraaberta.org.br/artigo/a-imprensa-e-o-caso-dreyfus-de-rui-a-zola.html

https://marcelobonelli.cienradios.com/el-dia-que-emile-zola-dio-a-conocer-su-jaccuse-contra-una-historica-fake-news/