A 77ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), realizada neste mês de outubro, denunciou assédio judicial, estigmatização, reclusão, detenções arbitrárias, exílio, hostilidade e violência contra jornalistas das Américas, além de nove assassinatos no último semestre.

Entre outras questões pendentes que marcaram o período, a organização mencionou a intervenção arbitrária dos jornais como política de assédio por parte de governos, restrições ao acesso à informação, falta de transparência, radicalização repressiva em vários países e a sustentabilidade dos meios de comunicação.

“A sustentabilidade da mídia é aspecto atual e urgente, depois dos graves danos causados pela pandemia Covid-19, cujos confinamentos gerais levaram a picos de audiência sem precedentes, mas, ao mesmo tempo, a uma gravíssima paralisia econômica que afetou anunciantes e leitores semelhantes”, diz o informe da SIP. “Os exemplos australiano e europeu marcam um roteiro para garantir que as grandes plataformas de tecnologia paguem adequadamente pelo uso de conteúdo jornalístico, um processo que está em curso em grande parte do mundo”.

No Brasil, segundo a SIP, o governo de Jair Bolsonaro insiste em um discurso sistemático contra a imprensa. “Ataques e estigmatização de jornalistas tornaram-se diários, como também acontece na Guatemala e no Equador”, destaca a entidade. Além disso, conforme a SIP, o governo também tem buscado, até agora sem sucesso, acabar com a legislação sobre a publicação em jornais de balanços e editais de empresas, de forma a prejudicar financeiramente o setor.

“Nenhum governo gosta de crítica ou imprensa independente. A diferença entre regimes democráticos e autocráticos está na forma como lidam com a imprensa livre”, afirma Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ). “Os ataques sistemáticos de Jair Bolsonaro e as tentativas de enfraquecer economicamente a mídia indicam que, no Brasil, o governo busca adotar um modelo semelhante ao da Venezuela, Filipinas, Turquia e outros regimes que não convivem bem com a liberdade de imprensa”.

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