O Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) iniciou a coleta de dados para a sétima edição do Atlas da Notícia, projeto colaborativo que, desde 2017, mapeia o jornalismo local e identifica os desertos de notícias no Brasil. O resultado do censo será divulgado em julho de 2025.

Até lá, sob a coordenação de cinco pesquisadores regionais encarregados de conduzir o censo, centenas de colaboradores voluntários, professores, pesquisadores e estudantes irão coletar dados dos veículos de  jornalismo local que atuam em cada um dos 5.570 municípios brasileiros e atualizar a base de dados do Atlas.

Os dados do Atlas têm sido utilizados para a produção de centenas de estudos acadêmicos. Pesquisadores, jornalistas, governos que querem orientar políticas públicas para a informação e também empresas que atuam no mercado da comunicação podem acessar as informações reunidas pelo projeto.

Pesquisadores e demais usuários dispõem de uma API (Interface de Programação de Aplicações) que dá acesso a todos os dados da base. E, desde a última edição, acadêmicos, pesquisadores e jornalistas têm acesso exclusivo a uma plataforma que possibilita o cruzamento das informações do Atlas com diversas outras bases de dados públicos.

“Estamos reformulando a parte de tecnologia do Atlas da Notícia para permitir mais facilidade e agilidade na coleta de dados, assim como a criação de novas ferramentas para quem quiser explorar nossos dados”, disse Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados do Atlas da Notícia e diretor do Volt Data Lab, parceiro técnico do Projor desde o lançamento do projeto, em 2017.

Para o presidente do Projor e coordenador geral da pesquisa, Sérgio Lüdtke, “a atualização anual do Atlas da Notícia serve como um retrato do estado do jornalismo local no país, permitindo perceber os movimentos, os aumentos e recuos da cobertura jornalística nos territórios, além de identificar os modelos de organização que povoam o ecossistema de notícias no país”.

A sétima edição do Atlas da Notícia está sendo realizada com financiamento do Google e tem apoio institucional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), da Associação Brasileira de Ensino em Jornalismo (ABEJ) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).

“Um dos focos de apoio do Google ao jornalismo é justamente os pequenos e médios veículos, que contribuem com as suas comunidades oferecendo cobertura jornalística em suas cidades e regiões. Estamos muito felizes em apoiar a produção do novo Atlas da Notícia, uma ferramenta que promove sobretudo a conscientização sobre o problema dos desertos de notícia e cria oportunidades para pensarmos soluções coletivamente”, afirma Fabiana Zanni, head de parcerias de Notícias do Google no Brasil.

O censo é conduzido por um coordenador de pesquisa em cada região brasileira. Jéssica Botelho (Norte), Angela Werdemberg (Centro-oeste), Mariama Correia (Nordeste), Dubes Sônego Júnior (Sudeste) e Marcelo Crispim da Fontoura (Sul) coordenam o trabalho dos estudantes de faculdades de comunicação e cidadãos voluntários que se oferecem para colaborar com a coleta de dados. Voluntários interessados em contribuir com o Atlas da Notícia podem se inscrever por este formulário.

A edição mais recente do Atlas da Notícia exibiu em 2023 um resultado que há muito era esperado: uma virada no jogo da ocupação dos desertos de notícias no país. Pela primeira vez desde que a pesquisa começou a ser realizada, foi menor o número de municípios considerados desertos do que o dos que contam com ao menos um veículo de comunicação jornalística servindo a sua população.

O resultado mostrou uma redução de 8,6% (256 municípios) no total de desertos de notícias. Ainda assim, restavam 2.712 municípios – e 26,7 milhões de brasileiros que neles habitam – sem acesso a notícias sobre o lugar onde vivem.

Nesta sétima edição do projeto, o foco estará na busca de novos meios surgidos nos municípios considerados até então desertos de notícias, na atualização da base e no acompanhamento do fechamento de veículos de comunicação impressos e digitais.